domingo, 13 de dezembro de 2009

Professora relata experiência com alunos especiais no Acre


Quando foi comunicada, no início do ano, que teria quatro alunos surdos na turma, a professora Ana Lima Cordeiro Gomes sentiu um impacto: “Falei que ia embora da escola”. Ela não se sentia preparada para trabalhar com eles, pois nunca fizera o curso da linguagem brasileira de sinais (Libras). No entanto, logo na primeira semana de aulas, mudou de opinião.
“Se tivesse abandonado meu trabalho, estaria arrependida. Tem sido uma lição de vida”, revela Ana, professora de português da Escola São José, no município de Cruzeiro do Sul, Acre. Desde o início das aulas, os estudantes surdos procuravam ensinar algumas coisas aos professores para facilitar a comunicação: “A gente colocava no papel o que queria dizer e eles traduziam para a linguagem de sinais”, diz Ana, que tem 21 anos de experiência no magistério. A instituição dispõe agora de um intérprete, encarregado de passar o conteúdo da aula para a linguagem de sinais.
De acordo com Ana, os alunos surdos demonstram interesse muito maior por aprender. “Eles têm esforço, dedicação e vontade de participar. O que falta na fala, sobra na percepção”, salienta. Para ela, nenhum aluno especial é problema — a professora tem também uma cadeirante entre os alunos, desde o ano passado.
Com 1.258 alunos de ensino fundamental, a Escola São José atende 13 alunos especiais — nove surdos, dois cegos, um autista e um cadeirante. “Temos alunos especiais há muitos anos. A estudante que usa cadeira de rodas está aqui desde o primeiro ano e agora vai concluir o ensino fundamental”, explica a diretora da instituição, Sernizia Araújo Correia, pedagoga, com 16 anos de experiência profissional. “Os alunos recebem bem os especiais. Eles cuidam e protegem. É muito boa a interação”, diz.
Capacitação — A Secretaria de Educação do Acre implantou um programa, chamado Padrão Mínimo, que inclui ações para acessibilidade tais como construção de rampas, banheiros e alargamento de portas. Além disso, promove ações de capacitação em parceria com as secretarias de educação dos 22 municípios do estado. São oferecidos cursos a professores da rede regular — a distância ou presencial — e das salas de recursos. A capacitação é feita em dois polos, que atendem todos os municípios. Um funciona na capital, Rio Branco, e o outro em Cruzeiro do Sul.
“Montamos cursos a partir das necessidades e demandas das escolas. Elas é que determinam o tipo de capacitação que precisam para o atendimento de suas necessidades”, esclarece a gerente de educação especial da secretaria, Claudia de Paoli. Segundo ela, a maioria dos pedidos das escolas refere-se à avaliação de alunos, instrumentos a serem usados para registrar a evolução do aluno e transformação de relatórios em notas.
A secretaria também promove oficinas de diferentes disciplinas. “O professor aprende a confeccionar material e vê que é possível. Que, com vontade, consegue. Estão saindo trabalhos excelentes”, garante Claudia.

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